sábado, 15 de setembro de 2012

Os ovos passeando de trem


Vocês aí que deixam seus ovos tristes dentro da geladeira... saibam que eles se divertem quando saem para passear. De trem então... veja que alegria!






Mas não coma nutella na frente deles!
Não fale alto quando abrir a geladeira!
De vez em quando eles me fazem uma surpresa!
E se eu esqueço um livro aberto...
Adoro quando eles me contam piadas!
Parecem crianças...


Ovos com Espírito de Porco



Como tem ovo ruim nesse mundo. Meodeos...


Gostou? Quer ver mais o que esses ovos aprontam pela minha casa e pelo mundo?





quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Raciocínio Lógico



Estou em São Paulo participando de um Congresso de História da Ciência e da Tecnologia na USP. Ontem foi o único dia que deu para eu passear a tarde e aproveitei para conhecer alguns pontos turísticos. Fui no famoso bairro da Liberdade, na famosa Praça da Sé, no famoso Teatro Municipal e me desesperei no famoso engarrafamento onde percebi que os paulistas acreditam que o ato de buzinar pode fazer o carro da frente se desintegrar. Cheguei ao hotel cheia de dores de cabeça...

Hoje, porém, não deu tempo para nada. Houve atividades o dia inteiro no congresso e, para piorar, a tarde foi a minha apresentação de forma que eu estava mega concentrada com medo de esquecer alguma coisa caso balançasse muito a cabeça. O trabalho era sobre o desenvolvimento da Física no século XVIII, mostrei que o assunto é confuso e que eu não estou entendendo bulhufas da dinâmica da coisa. Na verdade o que eu apresentei foi a minha ignorância sobre o assunto. Ainda assim acho que agradei aos três espectadores. Fui super fofa, coloquei uns memes na apresentação quebrando todos os paradigmas enquanto pesquisadora séria. Me aplaudiram de pé no final. Primeiro porque eu era a última a apresentar e já estava todo mundo de saco cheio e doido para ir embora, depois porque é de praxe bater palmas para qualquer pessoa que fale absolutamente qualquer bobagem em congressos. Mas isso são detalhes que ninguém precisa saber. 

Vamos ao que interessa e que me fez no final do dia vir aqui no meu blog para escrever. Voltando da USP quase chegando no hotel no início da noite passei por uma loja de roupas de mergulho. Como o dia foi tenso pensei: por que não? Não tenho roupa de mergulho e mergulhar deve ser bom. Vai que um dia eu precise, vai que um dia eu compre uma lancha ou vá a Miguel Pereira? Perdi uma oportunidade uma vez de curtir uma piscina lá só porque deteeeeesto água gelada. Eu via os amigos nadando, pulando na água sem medo, se divertindo a vera e a brinca* e morria de inveja. Taí. Ouvi dizer que essas roupas não deixam a gente sentir frio. Menos um problema na minha vida! Está tudo dando certo hoje!

Entrei na loja.

Veio o moço:
- O que a senhora deseja? - Perguntou o vendedor nada original.
- Eu desejo não sentir frio quando mergulhar. - Respondi claramente.
-A gente tem roupa de cinco milímetros. - Ele disse me olhando toda de cima a baixo.
- Muito engraçadinho, moço. Acho que sou maior do que isso.- Falei super antipática não gostando nem um pouco daquela brincadeira feita por um desconhecido.

Daí ele riu. Eu fiquei super aborrecida com a grosseria. Agradeci e dei-lhe as costas.

- Senhora, espere! Desculpe, deixe eu mostrar o que tenho aqui pra senhora. - Arrependeu-se, certamente, o vendedor.
- Eu quero essa grossa. De manga comprida. - Explanei decidida.
- Ok. Qual o seu tamanho?- Perguntou de novo o engraçadinho.
- Um metro e meio. - Falei séria.
- Eu estou falando se a senhora veste pê, eme ou gê, senhora. - O vendedor burro que não sabe nem perguntar sem ambiguidades, explicou-se.
- Pê. 
- Eu acho que a senhora é eme. - Perdeu completamente a noção o cara.
- Pois sim que sou eme! Pois sim! Me dá a pê da grossa. - Ordenei já doida para sair dali.
- A senhora não vai experimentar?

Qual o quê...A loja tinha pouco movimento e havia somente dois vendedores machos. No mais, eu ando "me achando" pelas ruas e desconfiando que todo homem que se aproxima de mim quer me estuprar. Síndrome de gostosa-ligada-nas-notícias. Avaliei o local e achei que corria altos perigos.

- Muito obrigada. O pê vai servir com certeza. - Mandei na lata a minha excelente forma física.
- Ok. Qual a forma de pagamento? - Finalizou o tarado.
- Quanto é? 

Eu sabia que tinha duas notas de cem reais na carteira e borracha é coisa barata. 

- Shyrtxlcentos reais. - Respondeu jack, o vendedor estripador.

Fala sério! Se fosse de seda vá lá! Mas de borracha? O outro vendedor se levantou e já estava embrulhando aquela goma elástica. Seria o maior mico falar que não queria mais. Estava vindo de um congresso. Com crachá e tudo. Toda de salto alto, meu povo.  O dia havia sido perfeito. O meu ego estava brilhando...Fala sério! Acabei dando o meu cartão de crédito e parcelei em trinta e seis vezes.

Assim que cheguei no hotel resolvi experimentar a nova aquisição que custou os olhos da cara e o orgulho da minha alma. Distendi três músculos tentando colocar a roupa. Tive que deitar na cama para fechar o zíper na frente do macacão. Fechei. Não consegui me levantar. Rolei e cai no chão. Com muito custo fiquei de pé. Fui até o espelho e tchanraaannnn! Adorei o que vi. Estava magéééérrima! Fiquei andando indo e voltando em frente ao espelho super feliz. Vou vestir a noite para o Nelson quando voltar amanhã pro Rio, pensei. Ele vai adorar a nova Elika Bunchen. Mas, a felicidade deu lugar a um giga desconforto. De repente a respiração começou a ficar comprometida e eu resolvi abrir o zíper todo de uma vez com medo de morrer. O barrigão pulou pra fora aliviado e eu comecei a expirar todo oxigênio do quarto ofegante achando que estava já raciocinando mal por falta desse gás comburente no cérebro. 

Quando fui tentar tirar o traje colante entrei em desespero. Não havia movimento ou manobra que eu fizesse com os meus braços capaz de desgrudar dos meus ombros aquele bando de látex. O cabelo estava encharcado de suor. Não sabia mais o que fazer.  Liguei para o meu marido que estava em casa com as crianças.

- Neeelso, socorro! Estou presa!- Eu disse assim que ele atendeu o telefone em casa.
- O que houve? Presa como? - Perguntou Nelson todo preocupado.
- Em mim mesma! Neeeeelson, socorro! - Gritei.

Depois de tudo explicado, veio a solução. O que seria de mim sem Nelsim?

-Liga para a recepção e diga que está precisando da ajuda de uma mulher. - Expressou-se super calmo e me passando altas tranquilidades.

E foi exatamente e imediatamente o que eu fiz.

- Alô? É da recepção? Meu querido, estou com um probleminha aqui e preciso de ajuda urgente. Pode mandar uma mulher pro meu quarto, por favor?

Em menos de três minutos chega a camareira. Puxei a moça pelo braço para ela entrar rápido. Mostrei o meu estado. Barrigão branco pra fora, suada, com aquela borracha  fundida ao meu corpinho-bagulho.

- Por que a senhora vestiu isso aqui? - Começou a moça fantasiada de avental e touquinha a querer saber demais da conta. 

- Me ajuda, moça, peloamordedeos, me ajuda! Puxa!- Coloquei as minhas costas nas mão dela. - Vai! Aí! Vai! Puxa! - Devia ter falado que queria uma mulher forte.

- Tô tentando, senhora. Por que a senhora fez isso? - Perguntou a fraquelóide.

- Puxa, moça! PUUXXAAA! Pode rasgar mas tira isso do meu corpo! 

Ploft. As muxibas vieram abaixo! Que alívio! Eu rodei os meus braços peladona como se fossem hélices de helicóptero na frente da mocinha de touca e avental que me olhava assustada. Eu estava extremamente feliz com a liberdade!

Mais calma, expliquei para ela que eu ia ser estuprada na loja e patati patatá. Ainda como vim ao mundo e em êxtase dei -lhe um abração toda suada  e ela foi embora sem ao menos esperar uma gorjeta.

É isso por hoje. Amanhã de manhã vou explicar para uma turma de futuros-padres porque não acredito em Deus mas tenho Fé na Kátia. E assim vou terminando os meus dias de intelectual aqui em Sampa.

Até a próxima!

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* Parafraseando Manoel de Barros.