Essa parada da Páscoa é bem interessante e tem toda uma simbologia e uma confusão encantadora. Ninguém sabe direito o que é que está sendo celebrado, mas todos entram na onda pascal de uma forma ou de outra já que existe o feriado. Há até uma crônica de Luis Fernando Veríssimo que sempre é muito compartilhada nas redes sociais sobre o embaraço de ideias que fazem parte desta data. Jesus nasce no dia 25 de Dezembro, morre na Sexta-feira santa e nas quartas de cinzas ninguém sabe o que O deixou tão cabisbaixo. Judas, quem traiu Jesus, é malhado no Sábado e sabe deus porque não na própria sexta. E o coelho com tudo isso? Seria porque procriam muito e é o símbolo da vida? Fertilidade? Por que não os ratos? Ok, ratos são feios. E o ovo associado ao coelho? Como se deu esse amálgama? E os chocolates? Como eles entraram para essa história??? Quem veio primeiro: o ovo ou o coelho? É uma confusão dos diabos...
Para os que são realmente cristãos, semana-santa é coisa pra lá de séria. Em cidades do interior é comum vermos muitas pessoas pagando penitências. Mamãe, que sempre foi fumante desde que me conheço por gente e católica outrora bem mais praticante, tem mania de passar a semana santa sem fumar. É preciso sofrer como uma forma de agradecimento ou cumplicidade e como é bem sabido, Deus gosta de ver seus filhos sofrerem. Reconhece a nossa aflição. E no Domingo, mamãe vira aquela chaminé de felicidade e libertação! Um troço lindo de se ver!

Contemplando as cenas de morte que a mídia de maneira fantasmagórica nos desenha e nos faz lembrar de como somos efêmeros, a Páscoa está aí para nos dar uma boa sensação de sermos infinitos tal como Jesus que teve a sua vida devolvida depois de ter sido, como nós, tão agredido. Com ou sem chocolate, com ou sem bacalhau, com ou sem sacrifício, a despeito de não entendermos nada sobre o assunto e de muitos de nós não sermos sequer cristãos, somos lembrados que devemos aproveitar a data para revigorarmos e fortalecer a crença numa humanidade melhor. Aquela velha pieguice de sempre: renovação, libertação, recomeço... Por que não? Por que não? Por que não?
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As obras que ilustram esse texto são do artista Sergio Ricciuto Conte