Hoje não teve jeito. Eu tento evitar, procuro passar longe, manter uma certa distância, mas hoje não teve jeito mesmo. Tive que ir ao shopping em pleno mês de Dezembro! E ainda com Nara e Yuki! Era para ser algo bem rápido mesmo, tipo vapt-vupt, entrar e sair, ping- pong, ying-yang, fuivoltei. Nara precisava de um biquíni para ir ao Rio Water Planet amanhã comemorar os treze anos da melhor amiga. Era só isso. Um biquíni.
Coloquei Yuki rapidinho num parquinho fechado cheio de monitoras que andam descalças num chão acolchoado e colorido e saí correndo com a Nara para escolher a roupa de mergulho, pirueta e escorregadas radicais. Peguei o Yuki uma hora e meia depois (!) e ele fez o maior escândalo para sair daquele bem-bom. Parece criança esse meu filho caçula. Muito imaturo. Não entende a finitude da minha paciência e da minha conta bancária. Yuki, o dinheiro da mamãe acabou. A-ca-bou! Vamos embora correndo senão a mulher vai chamar o moço que vai expulsar a gente daqui! Gastei meu latim à toa, de nada adiantou uma explicação super clara e detalhada sobre o funcionamento do mundo. Comecei a tirar meus sapatos bufando para correr atrás dele e pegá-lo à força quando a Nara se meteu e gritou de onde estávamos mesmo que eles iam tomar o maior sorvetão do mundo se eles saíssem dali naquele exato instante. Sorvete? Mané, que sorvete? Nara, tá maluca? Temos que vol... pronto. Yuki já estava ao meu lado calçando os chinelos todo animado. Ele e mais um punhado de crianças que, bem feito, tinham que ficar lá mais um tempão brincando.
O sorvete não estava no script, assim como tanto tempo no parquinho também não e nem a quantidade de biquínis experimentados. Mas tudo bem, Nara vai arrasar amanhã e eu já estava mesmo precisando naquela altura de um sundae duplo.
Indo a caminho do estacionamento depois de nos entupirmos de tanto sorvete, quem a gente viu? Quem estava lá no shopping? Quem? Bem sentadão dando tchau. Quem? Ele mesmo. Papai Noel. Perguntei ao Yuki se ele queria falar com o bom velhinho. Assim, depois de pegarmos uma filinha básica e de ver muitas crianças mega assustadas sendo forçadas pelos pais sem a menor noção de psicologia, a se aproximar mais, a sorrir, e até a sentar no colo do coitado do homem já todo suado, chegou a vez do meu filho.
Yuki se aproximou timidamente. Eu toda cheia de cuidado e com todo jeitinho fui puxando a mãozinha dele em direção ao Papai Noel (!!! Papai Noel!!!!). Conforme o homem rechonchudo começou a fazer perguntinhas, Yuki foi se soltando.
Qual o seu nome? Qual o seu time? Quer ganhar o que de Papai Noel?
Depois dessa última pergunta então... ele até soltou a minha mão para explicar com gestos tudo o que ele queria. Um helicótupelú que faz ttatatatataaa, um carrão bem glandão de contlole remoto, um avião que voa láááááá longe e mais um caminhão que carrega carros, e mais...e mais....e mais...
Papai Noel, todo fofo e politicamente correto, perguntou se ele havia obedecido mamãe. Yuki me olhou assustadaço, e disse baixinho para ele que havia ficado de castigo uma vez, mas que pediu desculpas e ficou bem bonzinho depois. E foi chegado o momento da despedida. Papai Noel pediu um beijo e um abraço bem forte, Yuki deu tudo o que Papai Noel pediu e Papai Noel, todo simpático, deu para o Yuki um pirulito no final. Tudo muito legal. Mas, outra coisa fora do script do dia: Yuki olhou para o pirulito, para o Papai Noel, para o pirulito...nessa hora, eu pressentindo o que não se passava naquela cabecinha, segurei a mãozinha dele e comecei a tirá-lo de perto do seu barba-branca-me-poupe!, mas Yuki botou pé firme, começou a fazer biquinho, depois abriu o berreiro e desembestou a reclamar reclamar reclamar. Pu quê? Pu quê? Pu quê só um pilulito pla mim? Pu quê??? Eu num ti disse que pedi desculpa?
Até ele se acalmar para eu conseguir explicar que hoje era só o dia de anotar os pedidos, que Papai Noel virá à nossa casa na noite de Natal, que o pirulito não era presente, era só um negocinho sem significado nenhum que Papai Noel dava para todo mundo seja bom ou ruim nessa vida, tenha pedido desculpas ou não pra mamãe...olha, foi brabo. As crianças na fila estavam num misto de ansiedade e pânico vendo o escândalo do Yuki que apontava com a mão esquerda o pirulito que segurava com a direita e que revezava o olhar úmido entre o doce e alma do Papai Noel.
Eu já estava a ponto de contar toda a verdade para o Yuki que seguia inconformado. As duendes empurrando a gente para sair da frente do Papai Noel, o diabo do homem já chamando outra criança sem ainda resolver a crise do meu filho, a minha paciência já no beleléu, meu coração batendo tresloucadamente ... peguei o pirulito da mão do Yuki, apontei para o Papai Noel e antes que eu falasse uma poucas e boas para ele, a Nara gritou de longe. Yuki, vamos ver os carros no kart! Que kart, mané, kart? Nara, a gente tá in... Yuki saiu correndo animado e fomos ver (rapidinho, viu?) qual era daqueles carrinhos barulhentos.
Finalmente, depois de sei lá quantas horas dentro de um shopping, as crianças cansaram de tudo aquilo e pude voltar para a casa sem precisar prometer nada além da casa mesmo.
(Leve, estranhamente leve depois dessa tarde, sentei aqui na biblioteca e comecei a fazer um trabalho do curso de filosofia. Porém, mesmo diante de grandes questões sobre a existência há nesse instante uma só pergunta que me paralisa. O que eu faço agora com o pirulito que está na minha bolsa?)
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Gostou? Então quem sabe goste desses também?
Sinal Verde
Dividindo pra poder sobrar
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Gostou? Então quem sabe goste desses também?
Sinal Verde
Dividindo pra poder sobrar
Como você escreve bem,'tia Elika'!!fiquei mais ainda seu fã a partir de agora(sempre fui,desde os tempos do col.pentágono)!!beijos
ResponderExcluirobs1:com todo o respeito,você continua super bonita,hein?não é por nada que eu e a maioria dos meus colegas suspirávamos quando você passava...XD
obs2:desculpe a indiscrição no'obs1',rs
Caro anônimo,
ResponderExcluirObrigada pelo comentário. Da próxima vez assine para eu saber quem é vc, ok?
Ótimo, excelente!
ResponderExcluirMorri de rir, mas acho que nunca mais ele vai querer pedir alguma coisa para o bom velhinho.
Lá no parquinho tem umas dicas que eu não te contei:
. você pode chegar 5 ou 10 minutos antes do tempo que quiser ir embora e perguntar para ele se ele quer ficar mais um pouquinho; daí quando é para valer ele vem tranquilamente.
. você pode aparecer na porta de saída do parquinho já com o sorvete na mão.
. Pode ainda chegar com uma sacola das lojas americanas, dizendo que tem presentes lá dentro.
(por que você acha que ele tem tantos hot wheels?)
Se não se sentir à vontade com essas superdicas de pai pode tentar educá-lo da maneira correta, explicando as coisas da vida, do mundo, sem mimos ou promessas que evitem a choradeira e a correria...
...ou levar sempre a Nara.
PS. Pode também avisar antes de entrar que na hora da saída você não quer choradeira e nem birra, senão não leva mais ele; só que essa eu sempre esqueço embriagado pela animação e pelo sorriso dele na entrada do parquinho.
Dá-lhe Rosely Sayão!
beijos
Eu era uns dos que suspiravam...
ResponderExcluir...suspiro até hoje.
Anderson Clayton
:-D
ResponderExcluirIsso aqui, como me disseram um vez, é um "desserviço" para a humanidade.
Milhões de beijos, pai! Estamos juntos nessa empreitada!!!!
Anderson Clayton! Vc suspirava ou se derretia???
ResponderExcluir:-)
Oi,Tia Elika!Foi meu o 1o. comentário,escrevi anonimamente por engano,pensei que estivesse logado no meu blog(que também é do blogspot.com)e escrevi...
ResponderExcluirNão sei se você se lembrará de mim,já faz taaanto tempo que fui seu aluno...
Você escreve super bem,parabéns!!
Beijos
obs:não sabia que você tem mais um filhinho!!que vergonha saber que estou tão desatualizado...hahahaha
Oi, Rafael! Que surpresa! Claro que me lembro de vc! Que bom que vc gostou do meu blog. Vou visitar o seu com calma. Grande beijo e espero que volte sempre!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirPedro Winter Livro de Cálculo??????
ResponderExcluirKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Digo eu!!!!
Muito fofo este meu sobrinho!!!!!!! Bjs Tata
ResponderExcluirMas Ta, e o pirulito???????????????
ResponderExcluirElika,
ResponderExcluirMuito bom! Nara é mesmo muito perspicaz. Quando vocês vierem aqui em casa será que ela traria os escritos dela para eu ler?
Em relação à última frase: você joga fora a bolsa porque o pirulito já melou tudo lá dentro.
Beijos, Elise.
Elise,
ResponderExcluirEu nao estou podendo com ela mais não. Ela é mais rápida do que eu!
:-)
Beijos
Hahaha adorei essa crônica, Élika!
ResponderExcluirBejos e feliz natal ^-^'
Fala, Vitor!
ResponderExcluirObrigada por ter passado por aqui. Espero que Papai Noel seja bem generoso com vc. :-) Beijos
Ola elika!
ResponderExcluirbem é melhor voce esconde-lo pra sempre, ou entao so entragar para o yuki quando ele ter uns 17 anos mais ou menos, porque ai ja vai ter esquecido todo esse papo de papai noel, né...auhsuahsuas
É...ele nem se lembra mais e eu quero mais é que ele esqueça essa dor. Se bem que foi tão rápida por causa da Nara e sua psicologia, que nem sei se deu tempo de traumatizá-lo...
ResponderExcluir:-)
Beijo, sumida!
Sim, Senhora-Escritora-Elika, parabéns!
ResponderExcluirSempre deliciosos, seus textos têm pra mim a delicadeza de localizar uma informação muitíssimo preciosa: Nós, seres humanos, estamos eternamente de gaiatos nesse "navio". Temos somente que dar risada, quando possível, e usar toda a vã filosofia pra saber que fica sempre faltando entender o principal.
Andre Nakamura
É, André...exatamente isso. Eu não entendo nada. E pensando bem...quem sabe eu não seja uma filósofa nata? Digo isso porque nem quero entender. Buscar sempre tem sido fascinante.
ResponderExcluirObrigada pelo carinho.
Cadê o Djabal???
ResponderExcluirAinda que o Yuki saiu ao pai, teimoso como só. A minha sorte é que o meu Tom, saiu a mim, isto é, compreensivo e medroso do papai Noel. Sendo assim, não tenho esses problemas. Confesso que no espaço acolchoado da livraria, tenho algum problema para convencê-lo a sair. Enroscado dentro daqueles pequenos móveis, túneis e redes pulsantes. Nada que um livro não resolva,ou quando não resolve, apenas digo "Filhão, então você fica, que eu já vou, ok?"
ResponderExcluirEsse argumento tão razoável, quando ele tem algum repente da mãe, claro, é suficiente para ele não apostar no vermelho treze. E lá vem ele correndo.
Beijos, uma visita ao shopping jamais é impune.
Boa, Djabal! Vou tentar essa. Se me lembrar no meio do olho do furacão.
ResponderExcluir:-)
Professora, eu adoro seus textos, só nunca tive coragem de comentar. rs
ResponderExcluirAchei uma fofura essa crônica, apesar de entender que na realidade não deve ter sido tão fofo assim rs. Mas seu filho parece ser uma gracinha. Parabéns!
Imagino o quanto deve ter gastado no final do dia hahaha.
Beijos, Fernanda Frota. (duvido que saiba quem eu sou rs)
Se puder e quiser, passe no meu blog e dê sua opinião: http://aoabrirajanela.blogspot.com/
Fernanda,
ResponderExcluirCOmo assim não sei quem é vc? Por acaso achou que poderia ter passado transparente por mim???
Ledo engano...
Seu blog está de parabéns. Li um bocado de coisa aqui. Viajei um bocado com os seus devaneios. E olha...vc leva jeito para coisa!
Assinei para não te perder jamais e voltar sempre que puder.
Grande beijo e muuuuito obrigada pelo comentário!