Passo
sempre indiferente por essa Igreja na final da 24 de Maio, mas outro dia um
cartaz em sua fachada me fez meditar. “Tradicional feijoada do Encontro de Casais com Cristo”. Inicialmente a reflexão foi voltada para a ambiguidade da
frase. O evento poderia ser para prestigiar duas coisas diferentes: Uma, que
Cristo se encontraria com os casais e a feijoada seria apenas um detalhe. A outra, que Cristo estaria presente já antes na feijoada (assim como durante, é claro), que os casais viriam ao Seu encontro e poderiam ainda, com moderação, sorver o alimento rico em ferro. Esses são pormenores da nossa língua
portuguesa que nos tornam imprecisos mesmo com Cristo... Confesso que a primeira
opção não me faria parar tudo que ando fazendo para estar aqui divagando com
meus fiéis seis leitores. Já a segunda (e que conforme me disse uma integrante da
paróquia é o que acontece todo ano) me fez ponderar. Eu
que nada bebo mas de tudo como, parei para questionar se não estaria perdendo
uma feijoada divina por não ter nenhuma religião e, Deus que me perdoe, pensei
até em uma conversão só para participar dessa farra.
Farra?
Foi aí que comecei a pensar na possibilidade de permitir que a 'feijoada com
Cristo' entre no meu estômago ao preço de deixá-Lo, antes, entrar na minha mente (ou vá lá,
no meu coração). Colocando tudo na balança ruminei: O que seria afinal uma
feijoada com Cristo? O que seria uma feijoada sem Cristo? Aquela que eu sempre como afinal...Ele está ou não presente? Não me lembro Dele ter sido
convidado, mas também nunca vi ninguém impedindo a Sua entrada...
Quando
pensamos nessa iguaria feita de feijão preto cozido com miúdos de porco, partes
íntimas e gordurosas e quaisquer outras coisas nojentas, desde que contenham gordura
suficiente e muita pele de qualquer quadrúpede, além de ingredientes trazidos
pelo vento que a cozinheira diz ser folha de louro, não imaginamos gente triste ou com algum sentimento de culpa quer cozinhando quer fazendo parte da degustação que pode levar horas. Não há espaço
para o silêncio quando estamos diante desse manjar dos deuses e a falta de ruído
jamais pode ser preenchida pela música clássica. Seria um sacrilégio. Não há quietude, sossego,
calma e som de harpas.... Há de entrar pelos ouvidos uns ziriguinduns, telecotecos,
balacobacos, borogodós e buruguduns para que a feijoada não fique sem sal. E
nesse paticundum, pracatás, sabadás e badaiás, bailarinas vestidas de branco ou de rosa clarinho com uma saia que parece feita de nuvem não tem vez! Ao nosso lado, compondo o prato, deve ter
uma nega com salto alto, vestidinho estampado e bem curto sambando com o diabo
no corpo. Risadas estridentes estimuladas pelas cervejas estupidamente geladas
e ucas, açúcar, cumbucas de gelo e limão são imprescindíveis para engrossar o
caldo (Saravá Chico!). E nada de vinho pelo amor de deus!
É. Definitivamente Cristo não pode
fazer parte desse tipo de coisa e pensando bem, Ele nunca esteve presente em nenhuma
feijoada em que fui.
O
ponto é que não vejo como isso pode ficar mais divertido e gostoso se modificarmos
algum ingrediente ou se acrescentarmos algo, ainda que esse um-tanto-a-mais seja supremo. Cristo nesse ambiente poderia ou ficar
deslocado ou inibir nossas gargalhadas com dentes sujos à mostra ou pior! acabar
se divertindo nesse meio. Deus me livre.
Isso posto, não irei a "Tradicional Feijoada do Encontro de Casais com Cristo" e agora, depois dessa meditação, não estou mais angustiada com uma certa sensação de perda. Estou bem mais tranquila. Stanislaw Ponte Preta, o Sérgio Porto, disse que uma feijoada só é realmente completa quando tem uma ambulância de plantão. Só quem já saboreou devidamente o pitéu percebe que a genialidade de Ponte Preta nessa proposição foi ter captado e expresso em poucas palavras a essência desse maravilhoso e fenomenal sustento. Percebo, então, sem me sentir uma perversa profana, que Jesus deve mesmo é ficar do lado de fora. Literalmente. Fazendo o que faz de melhor! Absolvendo-nos e guiando nossos passos até chegarmos ao nosso abençoado lar.
Minha amiga passei a ser seguidor do espaço. Mas não vou participar da feijoada. É um prato forte demais para esse idoso. Parabéns pelo blog.
ResponderExcluir=)
ExcluirO problema é cometermos o pecado do excesso.
Estamos juntos nesse mundo virtual, meu amigo! Estou te seguindo também!
Obrigada por ter me prestigiado!
Beijos
Élika se antes de irmos para uma feijoada desta pudéssemos ler isto, nosso fígado agradeceria e metade da digestão já estaria garantida.
ResponderExcluiradorei, ri muito....
saudades
João Pedro e letícia lembram sempre de nara e Yuki
família Toledo
Primos,
ExcluirDepois Cristo nos ajuda.
Be cool.
=)
Beijos
Perdi outra feijoada, essa aí, mais de um m~es de atraso. Pena, Elika. Também gosto. Se entro numa dessas (cujo objetivo evidente é angariar fundos) e o Cristo anunciado comparece pessoalmente mesmo, pra mim ia ser uma dificuldade danada. Sou todo desconfiança com seja o que for que sugira pra mim qualquer possível trambique, falsificação, impostura, e no caso seria lamentável por força de hábito desconfiar do verdadeiro. Mas enfim estamos no vago terreno da hipótese, e convenhamos que esta é uma cuja probabilidade é bem pequena. Divagações sobre seu texto, apenas.
ResponderExcluirSempre há tempo para fazer parte da brincadeira, João.
ResponderExcluirO texto foi criticado pra caramba. Pensei em tirá-lo não sei quantas vzs, mas sei lá. Me diverti escrevendo e não quis ofender ninguém.
Se o que vale é a intenção...
Beijos, João e obrigada pelas divagações.
=)
O espetacular Homem Aranha passou neste blog, fala sério, cheio de teia...
ResponderExcluirSó quer saber de Feicebuque e mó aperto aí!
Mas que rapaizinho mais exigente...
ExcluirAté sonhei com o Homem-Aranha...
=P