sábado, 18 de maio de 2013

Clic-Clichês


Fotos clichês são ridículas, mas mais ridículo é não tê-las. Os braços cruzados de forma desajeitada no casamento com o cálice na mão, o beijo clássico do pai na barriga da gestante, a foto do primeiro banho que tanto nos envergonham quando adolescentes, a presença do Papai Noel na noite de Natal, o bebê com a boca toda suja de chocolate, duas taças de vinho (meio cheia ou meio vazias?) em cima de uma mesa, o formando de beca, o grupo de amigos fantasiados numa festa à fantasia,.., tudo ridículo. Mas passar pela vida e não tê-las é como vir ao Rio e não ser fotografado perto do Cristo. Mais ridículo ainda. 

E ainda que você diga "dessa máquina não clicarei", uma vez amado, meu amigo, você está condenado a ver o passarinho e, por tabela, ser lugar-comum no álbum da humanidade. Seus passos ridicularmente registrados sem a menor arte. Sem um toque qualquer de criatividade. E você ajudará a perpetuar o previsível porque este quando congelado através da captação de uma lente objetiva faz chacota com o subjetivo, mas dá sentido ao acaso. Ao caos da sua existência. Porque os retratos-chavões são os cartões-postais de uma vida bem vivida, a prova de que existimos e passamos bem por esse planeta tendo o mínimo que justifique tanto esforço do espermatozóide para fecundar o óvulo de nossa mãe. 

São essas ridículas imagens projetadas e que reproduziremos até o Juízo Final as que vamos sentir saudades. Com essas gravuras merecedoras de escárnio em mãos, vamos rir e chorar ao mostrar pros nossos filhos, sobrinhos e netos. 

Pobre daquele que não é ridículo e que não vive o clichê nosso de cada dia...






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