Estou participando do
V Seminário de História e Filosofia da Ciência na UFABC em Santo André e ontem,
exatamente marcada para 16:30h, seria a minha apresentação. Se tudo o que eu
havia planejado desse certo, já seria um dia mega tenso para mim que sou hiper
apegada a uma rotina. Mas a despeito de ter conseguido, eu que ando
questionando a base e a verdade das leis científicas descobri que há uma lei
nesse universo que é inquestionável e que não devemos negligenciá-la jamais: A
Lei de Murphy. Há de nos preocuparmos com ela e estarmos bem preparados
para a sua atuação.
Confiei na informação
de uma secretária sobre o meu voo para SP. A moça falou tudo corretamente, só
errou em um pequeno detalhe: o aeroporto. Na hora certinha, na verdade com
uma folga porque sou meio neurótica com horário e estava nervosa com a
apresentação, cheguei.Exatamente às 10h da manhã eu estava
pronta no Galeão para o voo que seria às 11:20h no Santos Dumont. Se
não fosse o fato do Rio ser ameaçado a perder os royalties que correspondem a
uma bagatela de três bilhões de reais por ano e o carioca lutar seriamente por
essa causa com a participação dos Acadêmicos do Grande Rio justo no dia da
minha viagem, eu chegaria a tempo. Mas não. O Rio estava em festa e o trânsito
com TPM nível máximo. Estressadíssimo. Perdi o voo e tive que pegar o próximo
que era às 14:00h.
No meio de minha
atenieidade, eu procurava um mantra para me acalmar. Algum budista me disse uma
vez que quando recitamos seguidamente nam
mi orró rem gue quiô, Buda fica contente e não haverá mais beco sem saída em
nossas vidas. Eu só não me lembrava da sequência direito dessas sílabas, mas
resolvi mesmo assim agradar o enorme ser iluminado já que não havia mais nada a
perder. Merengue ogó merenguiô merengue ogó merenguiô ... era o que eu consegui
falar baixinho. Acho que Buda se enfureceu porque o meu voo das 14h...atrasou.
Resolvi deixar de lado o merengue que só me deu azar e fui buscar outra coisa
para me acalmar. Tudo posso naquele que me fortalece! Pensei. Pão de queijo com
cappuccino! Yes!
A
atendente me deu a bebida e eu assim que peguei no copo fiquei aborrecida por
ela me vender um cappuccino gelado. Ledo engano. O bicho não estava frio e sim
isolado por paredes de isopor. Dei um sugadão e queimei a faringe e o esôfago
na entrada do líquido; na saída que foi pelo nariz devo ter queimado também a
traquéia e todos os brônquios. O peito doía, a garganta ardia e as lágrimas
rolavam contra a minha vontade borrando a maquiagem.
Chegando
em SP, apertada para ir ao banheiro olhei para o relógio:15:37h. Não dá tempo.
Peguei o primeiro táxi que vi. Furei a fila e pedi para todos que estavam nela,
contorcendo as minhas pernas, que me desculpassem porque eu estava com muita
pressa.
O
motorista era um senhor e disse assim que entrei no carro que devemos ter muita
calma no trânsito paulista para que não enfartemos. Além disso, ele falou que
eu dei o mó azar porque ele havia emprestado pela primeira vez o GPS para a
filha dele e ele não sabia andar por Santo André. Merengue ogó merenguiô
merengue ogó merenguiô merengue ogó merenguiô... peraí: tudo posso
naquele que me fortalece: o meu celular! Liguei meu super GPS e pé na tábua,
seu moço! Trânsito um ó do borogodó. Demorou tanto que a bateria entrou no
modus economiquis e o GPS travou. O moço ficou com pena de mim e disse: olha,
toma umas balinhas, vai chupando que a senhora vai se acalmar. Eu disse que não
queria e ele jogou umas dez no meu colo. Eram 16:22h quando estávamos perto da
UFABC que fica ao lado do Carrefour onde o moço entrou por engano. Tivemos que
ficar na mó filona de carros para sairmos dali. Merengue ogó merenguiô merengue
ogó merenguiô merengue ogó merenguiô.
E
graças a dilatação do tempo que ocorre quando estamos perto da velocidade da
luz, exatamente ás 16:33h adentrei com mala, cuia, um palmo de língua queimada
para fora e com as pernas ainda se contorcendo o recinto da Universidade pleno
de historiadores e filósofos sentadinhos me esperando. Merengue ogó merenguiô
merengue ogó merenguiô... Sublimei, então, tudo o que contei para vocês aqui.
Tudo podendo naquela que me fortalece, lembrei-me da Kátia que certamente
acendeu uma vela para mim para que tudo desse certo na minha apresentação. Essa
imagem, como comentada em outra
crônica tem um poder lexotânico na minha mente e não há Murphy
com suas malditas leis que me faça esquecê-la.
Quanta
sorte a minha, não?
Excelente texto, muito divertido!
ResponderExcluirQuanto ao assunto, não precisava ficar nervosa, nem tentar as forças ocultas, que andam numa inércia danada ultimamente; bastava ouvir as sábias palavras do seu marido logo às 10:21 de segunda-feira: Q merda, hein? Fica tranquila q no final dá tudo certo. Eu te amo."
Mas ô...
ExcluirOuvir eu ovo. Mas é o mesmo que falar para uma pessoa com gripe não espirrar.
Não é imperativo. Quem me dera fosse tão fácil...
Quem me dera...
Eu Tb te amo
Elika, Contorci-me de tanto rir! Desgraça nos outros é muito engraçado! Eu vou escrever a minha façanha para ir a São Paulo no domingo e te conto! Agora, vou deixar você curtir o sucesso do seu blog!
ResponderExcluirBeijos, Elise.
Jura, Elise?
ExcluirEstava esperando a sua critica ferrenha! =) O texto foi feito às pressas, não queria perder o timing e cada hr que releio descubro um erro. Cheguei a pensar "dependendo do que Elise falar eu retiro do ar". Que bom que vc se divertiu!
Ele fica então.
Beijos